Definir as fronteiras entre os diferentes gêneros literários nunca é uma tarefa fácil. Isso porque ainda que partam de princípios bem parecidos, academia, mercado e demais participantes do meio literário têm suas próprias formas de delimitar onde o conto acaba e a novela começa e em que ponto a novela passa a ser um romance. Isso acontece porque cada definição atende a necessidades diferentes, o que mesmo assim não influencia nas obras publicadas e nem no público que alcançam. As novelas, portanto, precisam apresentar as seguintes características de acordo com a definição do Doutor em Literatura pela Universidade de São Paulo Massaud Moisés:
● Pluralidade dramática: dois ou mais enredos, diferente do que acontece com o conto, se desenrolam durante a narrativa estabelecendo conexões entre si;
● Sucessividade: O enredo é desenvolvido de maneira sequencial, embora essa sequência possa ser alterada ao longo da narrativa;
● Tempo: Na novela, o tempo é histórico, isto é, determinado pelo calendário e pelo relógio.
● Espaço: Tempo e espaço são definidos pela pluralidade dramática, pois as ações dos personagens são responsáveis por deslocá-los para diferentes ambientes na narrativa.
● Linguagem: depende das circunstâncias históricas da narrativa. Se um fato é narrado na Idade Média, a linguagem denota características da época. Se a narrativa é desenvolvida na atualidade, a linguagem acompanha os hábitos culturais contemporâneos de um determinado local.
● Personagens: Não há limite de personagens e, ao longo da trama, novos podem surgir, assim como outros podem ser retirados da trama, tudo em prol do fio narrativo.
● Enredo: Diferentemente do que acontece com o romance, cuja extensão é maior (o que permite um ritmo mais lento), a novela segue um ritmo mais acelerado. As ações dos personagens são essenciais para a narrativa, por isso a novela tornou-se um texto que pode ser facilmente adaptado para a teledramatização ou radiodramatização.
● Foco narrativo: narradores oniscientes são os mais adequados por causa da linearidade da história. Não existe nada que impeça essa narração de se desenrolar na primeira ou terceira pessoa e nem que exija um narrador confiável ou não. É comum, no entanto, que novelas apresentem narradores que saibam tudo o que se passa na cabeça dos personagens e até exponham seus pensamentos.
Para Carlos Reis (2003), enquanto no conto a ação manifesta-se como uma ação singular e concentrada, no romance há um paralelo de várias ações e na novela há uma concatenação de ações individualizadas. Eikhenbaum, formalista russo, define a diferença entre um e outro em artigo de 1925. Para ele, "o romance é sincrético, provém da história, do relato de viagem, enquanto novela é fundamental: provém do conto (Poe) e da anedota (Mark Twain). A novela baseia-se num conflito e tudo o mais tende para a conclusão."
A Novela literária, gênero menos popular no Brasil, possui uma rapidez na narração, podendo ser escrita nos gêneros narrativo, lírico e dramático. Para Soares (2007), a ação é predominante na narrativa novelística, o que dá a esse gênero uma feição dramática, pois os conflitos existentes no decorrer da narração são postos em destaques e todos tendem para a conclusão, para a solução.
A Telenovela, por sua vez é muito consumida, é uma história de ficção, desenvolvida na televisão, na qual atores e atrizes desenvolvem os papéis de personagens. É dividida em capítulos ou episódios, sendo exibidos em um número médio de 100 capítulos. Algumas vezes, as telenovelas são resultados de adaptações de romances e novelas. Entretanto, não se pode confundir novela literária com telenovela, mesmo que a telenovela seja chamada, costumeiramente, de novela.
Exemplos de novelas:
Manhã Transfigurada, de Luiz Antonio de Assis Brasil
Um copo de Cólera, de Raduan Nassar
Terra e Cinzas, de Atiq Rahimi
A Fera na Selva, de Henry James
Crônica de uma morte anunciada, de Gabriel Garcia Marquez
O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago
A Morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói
Morte em Veneza, de Thomas Mann
A Dócil, de Fiódor Dostoiévski
A Volta do Parafuso, de Henry James
Novela de Xadrez ou Xadrez, de Stefan Zweig
O Alienista, de Machado de Assis
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