O gênero textual conhecido como crônica
difundiu-se no Brasil a partir de meados do século XIX, através da publicação
de “folhetins”. Trata-se de um texto narrativo de curta extensão e está
associado aos meios de comunicação como jornais e revistas, uma vez que
normalmente abordam contextos cotidianos e urbanos.
As crônicas, na grande maioria dos
casos, são escritas com uma linguagem coloquial, descontraída, a fim de
garantir maior proximidade para com o leitor. Além disso, os assuntos nelas
abordados costumam ser leves, por mais variados que sejam.
Cada exemplar desse gênero literário
encontra-se intimamente ligado ao contexto no qual foi elaborado, de modo que é
possível afirmar que as crônicas “possuem vida-útil curta”. A própria palavra
“crônica” tem sua origem no latim (chronica: registro de eventos
marcados pelo tempo) e no grgo (khronos: tempo).
Antônio Cândido,
crítico literário, afirmou em seu artigo A vida ao rés-do-chão, publicado em
1980:
“A crônica não
é um ‘gênero maior’. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas,
que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e
poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor
que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor. ‘Graças a
Deus’, seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica mais perto de nós.
(...)
Ora, a crônica
está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das
pessoas. Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e
períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma
singularidade insuspeitadas. Ela é amiga da verdade e da poesia nas suas formas
mais diretas e também nas suas formas mais fantásticas, sobretudo porque quase
sempre utiliza o humor. Isto acontece porque não tem pretensões a durar, uma
vez que é filha do jornal e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa.
Ela não foi feita originalmente para o livro, mas para essa publicação efêmera
que se compra num dia e no dia seguinte é usada para embrulhar um par de
sapatos ou forrar o chão da cozinha.”
Logo, podemos sintetizar como principais
características das crônicas:
·
Aproximação com o público;
·
Linguagem simples e colonial;
·
Número de personagens e espaço reduzidos;
·
Relação próxima com o cotidiano.
De assunto livre, considera-se, como regra geral, a
crônica é um comentário leve e breve sobre algum fato do cotidiano. Geralmente,
sua motivação é um pequeno acontecimento, ouseja, algo trivial no qual ninguém
prestou atenção.
Segundo Ricardo
Sérgio, 2007: "a crônica teve um desenvolvimento específico no Brasil, não
faltando historiadores literários que lhe atribuem um caráter exclusivamente
nacional. Realmente, a crônica, como a entendemos, não é comum na imprensa de
outros países".
Os principais escritores brasileiros
que se destacaram através de suas produções como cronistas foram:
· Carlos Drummond de Andrade
·
Carlos Heitor Cony
·
Caio Fernando Abreu
·
Clarice Lispector
·
Fernando Sabino
·
Lima Barreto
·
Luís Fernando Veríssimo
·
Machado de Assis
·
Rubem Braga
Dentre os diversos tipos de crônicas, os mais
conhecidos são as crônicas históricas, jornalísticas e humorísticas. Além deles
existem também as crônicas narrativas, dissertativas, líricas ou poéticas,
reflexivas, metafísicas e descritivas. Para ler a respeito de todas elas,
acesse: https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2226899
Cabe destacar que uma crônica não necessariamente
pertence a um único tipo, suas características podem englobar o texto em mais
de uma categoria.
1.
Crônica histórica: Relata fatos ou acontecimentos
históricos; os personagens, o tempo e o espaço são bem definidos. Foi o
primeiro tipo desse gênero textual a surgir, ainda no século XV.
2.
Crônica jornalística: Trata-se da variedade mais comum
das crônicas atuais, são produzidas especificamente para serem publicadas nos
meios de comunicação. Utiliza-se temas da atualidade para fazerem reflexões
mais produndas acerca do tema
3.
Crônica humorística: Tal obra pode ter valor
humorístico por diversos fatores, como ironia, sarcasmo, abordagem de assuntos
cômicos ou construção de discursos engraçados por meio de associações
inusitadas. O humor representa não apenas uma forma de entreter o público, mas
também de criticar aspectos sociais relevantes
Mas o que faz um escritor ser um bom cronista? Eles
são aqueles que conseguem perceber em sua rotina impressões, ideias ou visões
da realidade que não foram percebidas por todos e, assim, transmitir essa
perspectiva inusitada para os leitores de forma única. O autor deve ser,
portanto, um ótimo observador da realidade, mas que se dedique também a
projetar, rascunhar e revisar seu texto com afinco.
Referências
OS
TIPOS DE CRÔNICA. SÉRGIO, Ricardo (2007). Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2226899
Acessado em 22 de outubro de 2019 às 22:00.
A CRÔNICA.
SÉRGIO, Ricardo (2010). Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/794029
Acessado
em 22 de outubro de 2019 às 20:15
CRÔNICA.
DIANA, Daniela. Disponível em:
Acessado
em 22 de outubro de 2019 às 20:50
GÊNEROS
LITERÁRIOS: CRÔNICA. MARINHO, Fernando. Disponível em: https://www.portugues.com.br/literatura/a-cronica-.html.
Acessado
em 22 de outubro de 2019 às 21:20
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